terça-feira, 26 de julho de 2011

Skinhead gay luta contra a homofobia pelas ruas de São Paulo



CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO



Aos 16 anos, Danilo se interessou pela cultura skinhead, de suspensórios, coturnos, tatuagens e cabeças raspadas. Entrar nessa tribo teria sido fácil, não fosse por um detalhe: ele é gay.
"Eu pensava: não dá para eu falar que sou skinhead porque os caras não gostam de gay." Naquela época, alguns carecas já ocupavam as páginas policiais dos jornais, com seus ataques a negros.
"Mas esses fascistas são minoria", assegura, apesar de ser alvo deles. Ele diz que a tribo cultural surgiu na Jamaica, nos anos 60, e se disseminou com imigrantes que foram trabalhar como operários na Inglaterra, no mesmo período em que o movimento punk também surgia nos subúrbios britânicos.

Ao explicar por que resolveu entrar para esse grupo, diz simplesmente: "Skinhead é um cara que gosta de ouvir ska, tomar cerveja e jogar futebol com os amigos."

Hoje, aos 29 anos, ele articula uma das vertentes que ajudou a criar, há dois anos: a Ação Antifascista, que reúne 136 pessoas na rede social Facebook.

O grupo também tem duas lésbicas skinheads, seis punks bissexuais e dois que se definem como assexuados. O restante é heterossexual, mas defende a luta contra a homofobia.

"Somos contra qualquer tipo de preconceito e lutamos pelas liberdades."

Eles costumam se reunir em botecos, semanalmente, mas agora terão uma sede própria, com direito a eventos para tentar desmistificar a ideia de que todo skinhead e punk é brutamontes.

Desde que foi criado, o grupo já participou de uma marcha contra a homofobia que ocorreu no fim do ano passado (depois que garotos atacaram homossexuais com lâmpadas fluorescentes na avenida Paulista), de marchas contra o aumento do preço do ônibus, a favor da legalização da maconha e, mais recentemente, esteve na Parada Gay.

Pela primeira vez, eles participaram do evento em grupo, empunhando uma faixa que dizia que punks e skinheads estavam juntos --o que já é raro-- contra a homofobia --o que foi surpreendente para muita gente, que chegou a aplaudir o grupo durante o desfile.

Até policiais se surpreenderam: os membros da Ação Antifascista chegaram a ser enquadrados minutos antes de começar a Parada e foram detidos quando se reuniam para organizar a participação, na quinta-feira anterior.

Em maio, na marcha da maconha que terminou em confronto com a polícia, Danilo quebrou um braço ao tentar fugir de uma bomba de efeito moral. Ficou uma semana internado e, três dias depois de sair do hospital, foi atacado por uma gangue neonazista chamada Front 88.

Hoje ele evita a Galeria do Rock, a rua Augusta, a Paulista e a Liberdade, onde essas gangues se reúnem, por ser alvo fácil: "É como se eu andasse com uma setinha: aqui, anarquista, skinhead e homossexual, bata nele."

ANTIFA FESTIVAL



JUVENTUDE MALDITA

VINGANÇA 83

3 MUNDO

CEGOS PELO ÓDIO

EXCOMUNGADOS

Mais discotecagem.

Dia 12 de agosto,a partir das 20:00 hrs.
Local:DCE-USP
Entrada:Franca (cerveja à R$2,00)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

19 de julio: Revivir el espíritu del pueblo


Este 19 de julio se cumple el 75 aniversario de la Revolución Española de 1936. Setenta y cinco años desde aquel verano en que los trabajadores se echaron a las calles, no sólo para defenderse del golpe de estado propiciado por el fascismo, sino para luchar por su futuro, en el que vislumbraban una sociedad distinta basada en la igualdad, la solidaridad y el apoyo mutuo. A pesar del tiempo transcurrido, entre aquella época y la actual se pueden destacar dos grandes similitudes y una diferencia fundamental.

Hoy, al igual que entonces, el gobierno sigue siendo una marioneta de los intereses de los poderosos. En aquel julio del 36, el gobierno republicano se negó a entregar las armas a los trabajadores para defenderse aun conociendo la gravedad del golpe de estado, demostrando que temía más al pueblo armado que a los fascistas. Hoy, estos socialistas, como ridículos aprendices de Maquiavelo, ceden al chantaje del poder financiero y legislan para explotar y empobrecer aún más a los trabajadores. Entonces, al igual que ahora, los gobiernos siguen sin escuchar al pueblo al que tan indignamente representan.

En el verano del 36 también el paro era acuciante, cerraban multitud de empresas, los sueldos eran de miseria y mucha gente pasaba hambre, algo que estamos volviendo a ver de nuevo. El capitalismo de aquel entonces, unido a sus apéndices naturales, ejército –para controlar los cuerpos- e iglesia –para controlar las mentes-, entrevió en la organización de los trabajadores un claro peligro para sus intereses, razón por la que no dudó en utilizarlos para masacrar a sangre y fuego al pueblo español. Hoy día, los capitalistas no se llaman ya fascistas sino “mercados”, y a pesar de que la clase obrera desilusionada e inerme no supone una amenaza a sus intereses, presionan para reducir salarios y derechos laborales o eliminar los servicios públicos más básicos con tal de asegurar sus ganancias en el futuro. Sus ejércitos son accionistas y sus púlpitos los medios de desinformación. Especulando en las bolsas condenan a la muerte o a la pobreza a millones de personas en todo el mundo o arruinan países enteros. Ahora, al igual que entonces, indiferentes al sufrimiento y la necesidad, siguen extendiendo la explotación y la precariedad para mantener sus privilegios.

En cambio, la diferencia primordial entre las dos fechas es la conciencia de la clase trabajadora. A pesar de muchos años de represión y penalidades, los trabajadores en 1936 estaban organizados. Los sindicatos estaban llenos de trabajadores y llenos también de ilusiones. Trabajadores y trabajadoras que no acudían a los sindicatos sólo a conseguir mejoras económicas, sino que querían otra forma de vida, otra economía, otra forma de relacionarse. Salir de la miseria, pero no sólo de la material, sino también de la espiritual. Y de hecho, lo consiguieron. En medio de la guerra contra un ejército profesional, los trabajadores, además de hacerles frente, consiguieron hacer realidad sus aspiraciones a través de las colectivizaciones de los medios de producción que se llevaron a cabo tras aquel 19 de julio y que siguen siendo un ejemplo único en la historia mundial.

Hoy, la CNT no sólo se opone al capital y al estado, sino también a la pasividad de los trabajadores. La clase obrera del siglo XXI se debate entre el miedo y la desorientación, incapaz de encontrar el sentido del asociacionismo, sin conseguir ver más allá del día en que vive. El individualismo, como herramienta del poder, sigue imponiendo su ley. Muchos trabajadores admiran a sus patronos explotadores, justifican sus atropellos y sueñan con imitarles para escapar de la miseria.

Romper esa situación es hoy la tarea más importante que tenemos por delante los militantes de la CNT. Hacer de nuestros sindicatos un lugar en que los trabajadores aprendan la solidaridad y el apoyo mutuo, como primer paso para crear una alternativa a esta sociedad injusta y sin sentido. Un lugar que permita conectar el espíritu de los que lucharon aquel 19 de julio con los que hoy tienen sus mismos problemas y sus mismos enemigos. Para mostrarles el anarcosindicalismo como manera de mejorar sus vidas pero también como ética personal y colectiva. Para buscar ese mundo nuevo que seguimos llevando en nuestros corazones.

Porque a pesar de todos los medios de control, la sociedad comienza de nuevo a llenar las calles y las plazas. Hoy igual que ayer, hemos de continuar nuestra tarea sin ceder un ápice en las ideas ni en la práctica, seguros de que la perseverancia y el trabajo con lealtad y honradez han de despertar la conciencia de la clase trabajadora y contribuir a revivir ese espíritu del pueblo.

Secretariado Permanente del Comité Confederal - CNT

quarta-feira, 13 de julho de 2011

VAMOS SEGUIR A BÍBLIA?

artigo de João Silvério Trevisan



Considero a Bíblia um dos livros mais belos, inclusive por relatar com contundência todas as paixões humanas. Para quem não sabe, estudei dez anos em seminários católicos. Por isso, sei bem que as leis divinas se interpretam de acordo com as conveniências. Religiosos homofóbicos citam um versículo da Bíblia, em Levítico 18,22, que condena à abominação "homem que dorme com outro como se fosse mulher". Ora, quem considera essa condenação como verdade revelada e indiscutível precisaria levar ao pé da letra todo o restante da Bíblia, pois a palavra de Deus não se discute. Outro dia, apareceu na internet uma lista de leis bíblicas esdrúxulas, apresentadas de maneira deliciosamente irônica. Vou me reportar em parte a esse material, pois há muito eu vinha procurando uma listagem assim. Portanto, da próxima vez que um fanático religioso brandir a Bíblia no teu nariz, te condenando ao inferno por ser homossexual, passe-lhe um questionário de suas dúvidas bíblicas. Pergunte-lhe: "Irmão, no livro do Êxodo 21,7 são dadas orientações sobre a maneira de tratar os escravos e de vender a própria filha como escrava. Será que o senhor, prezado irmão, poderia indicar um preço justo pela minha filha, adequado ao mercado atual? Em Levítico 25,44 explica-se que os escravos devem ser comprados nas nações vizinhas, mas um amigo me disse que se pode comprar um escravo paraguaio e não um argentino. Será verdade, prezado irmão? Por que não posso ter um escravo argentino, se o Livro Santo manda escravizar "nações ao vosso derredor"? Outra dúvida: o mesmo Levítico 15,19-24 diz que a menstruação feminina é uma imundície. Tudo o que entrar em contato com a mulher menstruada torna-se automaticamente imundo, inclusive seu marido. Prezado irmão, como explicar à minha mulher, sem deixá-la furiosa, que não vou poder lhe fazer sequer um carinho durante sua menstruação, porque ela está imunda? Mais uma: no livro do Êxodo 35,2, diz-se que o sábado é para descansar e quem trabalhar nesse dia deve ser morto. Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Prezado irmão, sou obrigado a matá-lo eu mesmo, ou posso contratar alguém para o serviço? Outra dúvida: em Levítico 21,20 afirma-se que ninguém pode se aproximar do altar de Deus se tiver alguma doença ou defeito, nos olhos e até mesmo nos testículos. Bom, uso óculos, irmão. Será que se eu tirasse os óculos poderia se dar um jeitinho? Mais outra: no livro Levítico 19,27, Deus proíbe cortar os cabelos em estilo arredondado, aparar a barba e fazer tatuagens. Eu tenho vários amigos que desobedecem essas leis. Será que devem ser punidos com a morte, prezado irmão? Pior ainda: meu pai costuma xingar e blasfemar. É realmente necessário que eu chame toda a cidade para apedrejá-lo, conforme se ordena em Levítico 24,10-16? E o que vou fazer com meu melhor amigo que se separou da primeira mulher e vive com outra, também separada? Ambos são adúlteros, portanto devem ser mortos, conforme Levítico 20,10." Nesse ponto, o fanático religioso talvez esteja boquiaberto, pois não tinha lido senão algumas partes da Bíblia que lhe convinham. Acione então aquele Almodóvar secreto que mora em você e insista, quase em lágrimas: "Se a palavra de Deus é imutável, será que mato meu pai, meu melhor amigo e meus vizinhos, ou desobeço a lei de Deus?" Como resposta, talvez o fanático acabe na sua cama, desanimado com esse papo de abominação. Aproveite, então, e leia com ele um livrinho muito instrutivo: O QUE A BÍBLIA REALMENTE DIZ SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE, de Daniel Helminiak (Edições GLS). E sejam felizes para sempre.

(publicado na G MAGAZINE de setembro de 2001)

Frente Anti-Fascista - Produções Pikareta

Resistencia Antifascista - Juventude Maldita

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nota sobre a "Caminhada ANTI-FASCISTA".

Dia 9 de julho de 2011.




Às 7:3o da manhã,parte do grupo se encontrou na estação do metrô São Bento,pois,seguindo a orientação do DECRADI,tivemos o cuidado de "não atrapalhar" a concentração e a realização do ato organizado pelo MRSP.Seguimos pelas ruas do centro,até encontrar o restante do grupo na av;Paulista e fomos até o Pq do Ibirapuera.Quando lá chegamos(éramos um grupo de 30 pessoas),encontramos um grupo de cerca de 70 neo-nazistas e carecas do brasil.Todos eles armados de soco-inglês,facas,pedaços de madeira e ARMAS DE FOGO(revolver mesmo).
A polícia não revistou esse grupo(como é normal em uma abordagem),e apenas os conduziu para "evitar" um "confronto"...como se existisse mesmo a possibilidade de haver algum,dada a proporção e o tipo de armas que esse grupo CRIMINOSO portava.
Ao contrário do que a mídia publicou (rede record),nosso grupo não é uma gangue,tampouco estava nesse evento procurando "atrapalhar".Estávamos alí,para denunciar a existência desses grupos,e a proporção realmente me surpreendeu.A detenção recente de 5 membros desse grupo não fez com que eles perdessem a coragem de se expor publicamente,pelo contrário,acredito que isso tenha os estimulado ainda mais.
Mas não podemos nos calar,diante desse descaso e negligência das autoridades,que mesmo sabendo da existência desses grupos,nada fazem para coibí-los.

Frente Antifascista-Danilo H.

“É ridículo usar algo da cultura negra para pregar o poder branco”, diz skinhead antirracista

"Ativista afirma que termo é de origem jamaicana e surgiu em guetos da Inglaterra"

Mônica Ribeiro e Ribeiro, do R7


O termo skinhead sempre foi associado a um tipo específico de neonazista, devido ao visual que alguns membros de gangues que pregam a supremacia branca adotam – que é a cabeça raspada. Entretanto, a origem da denominação tem influência caribenha. Mais precisamente, jamaicana, onde a população é predominantemente negra.
Quem enfatiza isso é o skinhead antifascista Kemper, que é integrante da organização Sharp (Skinheads Against Racial Prejudice, em tradução livre, Skinheads Contra o Preconceito Racial). Ele afirma que há skinheads de todos os tipos, incluindo negros e gays. Em entrevista ao R7, o ativista, que é paulistano, preferiu não revelar a sua identidade.

Segundo ele, o movimento teve origem na década de 1960 na Inglaterra, entre jovens de classes operárias, que tinham contato com imigrantes jamaicanos. O skinhead tradicional é apartidário e tem a ligação com as músicas da ilha caribenha, sobretudo com o ska e o reggae.

De acordo com Kemper, a raiz do movimento é, de longe, racista. Porém, a crise econômica que assolava a Europa e, consequentemente, a Inglaterra na década de 70, favoreceu o surgimento de organizações fascistas que adotaram a cabeça raspada – mesmo visual dos trabalhadores das indústrias.

- Na época de 60, era só uma cultura de som, de rua, de beber cerveja, escutar um reggae. Já na década de 70, começaram a surgir partidos nacionalistas. Naquele período, tinha uma pessoal mais jovem, de 14 anos, que se iludiu com esses partidos nacionalistas. Então, começaram a surgir o que alguns chamam de skinheads nazi.

Kemper afirma que na Europa, esse pessoal é chamado de boneheads, algo como cabeças ocas.

- No Brasil, o termo chegou deturpado, ainda mais com a criação, na década de 70, dos Carecas do ABC, que era só uma gangue antes de adotar padrões neonazistas. Queremos tirar a imagem que skinhead é nazi. Nós somos contra o racismo e a homofobia.
Como maneira de mudar a imagem frente à população, os skinheads dizem que participam de protestos e marchas contra a intolerância, como na Parada Gay. Na edição de 2011, 20 skinheads antirracistas teriam sido presos por serem confundidos com fascistas.
- Fizeram uma denúncia anônima e confundiram a gente, por causa do visual. Isso acontece por causa da confusão que se criou e da falta de informação.

Para Kemper, não há nada mais “ridículo” do que gangues neonazistas usarem o termo skinhead.

- Existe uma cultura negra, que é usada por um cara que prega o poder branco. Eu não consigo entender essa ideia de poder branco. Não faz sentido para mim.

Frente Antifascista na Parada gay 2011

















Um grupo de punks e skinheads, chamados Ação Antifascista, também participa da Parada Gay. São cerca de 40 integrantes com uma faixa dizendo "punks e skinheads contra a homofobia".

Eles foram detidos pela polícia quando chegavam ao evento, mas liberados quando os policiais perceberam que a manifestação era a favor da diversidade. Segundo o skinhead Danilo Henrique, 29, um dos organizadores do grupo, eles também foram detidos pela polícia quando organizavam o movimento na quinta-feira, na praça da República.

Danilo, que é homossexual, disse que é a primeira vez que eles participam do evento. "O objetivo é desmitificar a ideia de que todo skinhead é homofóbico. A Parada Gay tem de servir de plataforma para reivindicações e não só para mostrar o orgulho de ser gay", declarou.

O jovem estava com o braço quebrado porque participou da marcha da maconha e esbarrou contra um ônibus quando fugia de uma bomba.

O estudante Bruno Cavalcante, 18, não é homossexual, mas defende que são contra todo tipo de preconceito. "A mídia fala que a gente é homofóbico, mas nem todos são. A gente não é", diz. Ele afirma que também são vítimas de intolerância.

Punks & Skinheads Antifascistas

Na noite desta quinta-feira, a mídia noticiou com muito alarde a detenção pela polícia de um grupo de pelo menos 20 skinheads depois de se reunirem na Praça da República, no centro de São Paulo. A Polícia Militar foi avisada por pessoas que passavam pelo local. Como acontecia no vale do Anhangabaú, próximo dali, a 11ª Feira Cultural LGBT, que faz parte dos eventos da Parada do Orgulho LGBT, a mídia já deu a entender que o grupo detido estava planejando algo contra os homossexuais da feira ou então uma ação no dia da parada.

Porém, poucas horas depois pelo Facebook, soube-se que os skinheads presos fazem parte do S.H.A.R.P, que não são homofóbicos e lutam contra o fascismo de outros grupos ditos skinheads. Os integrantes do S.H.A.R.P estavam reunidos para organizar a sua participação de apoio na parada gay, com manifestações antifascistas, da mesma forma que já fizeram participando da Marcha Contra a Homofobia que aconteceu na Avenida Paulista, em fevereiro de 2011.

Eles foram encaminhados pela PM para o 3º DP, de Campos Elísios, para averiguação. Ali eles foram cadastrados e foram liberados ao poucos. Segundo a mídia, “ninguém deu queixa de agressão contra eles”, é lógico, sendo que eles não fazem parte de grupo de intolerância.
Os verdadeiros skinheads acabam sendo vítimas do preconceito e discriminação, da mesma forma acontece com os homossexuais e os nordestinos nas mãos dos Carecas e de outros integrantes ditos skinheads, mas na verdade não se passam de fascistas, integralistas de concepção política de extrema direita. O main stream da mídia simplesmente reproduz os fatos policiais, mas não faz a verificação da veracidade dos fatos, acabando informando de forma erronia e preconceituosa.

Aproveitando deste fato, publicamos trecho de um longo e-mail enviado para a nossa redação, muito esclarecedor sobre o Skinhead, e que talvez possa jogar um pouco mais de luz sobre esse movimento social incompreendido:

Bom dia,
Quero pedir desculpas pela informalidade, mas prometo ser objetivo. Antes de mais nada, gostaria de dizer que, aprecio suas fotos e muito de seus textos. Mas um que li recentemente, embora tenha sido publicado há 4 anos, me chocou bastante, nele eu vi totalmente os antônimos das reivindicações dos homossexuais. O texto em sugestão é este, “Eles têm ódio de que”, sei que não foi você quem escreveu, mas você publicou em sua página, se estou certo. Este texto de nada mostra o conhecimento do skinhead e do punk, o embasamento foram algumas gangues de São Paulo e só. E há até mesmo incoerência como em: “Freqüentam os mesmos lugares e compartilham os gostos musicais (reggae, ska e punk – de variadas vertentes). ” Está correto, o reggae e o ska (estilo musical oriundo da Jamaica e que deu início ao reggae) são sim músicas ouvidas por skinheads, mas logo abaixo e em todo o texto ele diz que os skinheads são racistas e que alguns até veneram Hitler, me diz, como pessoas que gostam de música negra podem adorar tal lixo racista? Encarecidamente, peço para que leia o texto que vou escrever abaixo.

O skinhead nasceu na jamaica na metade dos anos 60, eram pobres jamaicanos, que cometiam alguns delitos e tinham gangues, muitos tocavam em grupos de ska, no entanto eram chamados Rude Boys. Sem emprego, foram para a Inglaterra, onde encontraram os Mods, eram garotos ingleses da classe trabalhadora que usavam um visual moderno(dai mod) e que amavam a música negra americana como o soul, blues, r&b e etc. aproveitando que os ingleses adoravam músicas negras, eles levaram o rocksteady e o ska. Fizeram muito sucesso. Do termo skinhead ainda não se sabe o por quê, mas acredita-se que como os jamaicanos tinham piolhos, eles raspavam a cabeça, os mods começaram a “copiá-los”, e em muitas músicas de ska foram imprimidas a palavra “skinhead” como nessa música: http://www.youtube.com/watch?v=qtOTodl4sVk , como pode ver o cantor é negro, um dos maiores ícones da música ska. Os mods viram que algumas bandas como The Beatles estava indo pro lado hippie, o que nada tinha a ver com o orgulho trabalhador e deixaram de ser mods ou então se denominaram “hard mods”, começaram a se vestir como os operários britânicos: botas; suspensórios; camisa xadrez.
Brancos e negros iam a bailes de ska dançar junto e confraternizar, os ingleses adoravam os jamaicanos. Fundaram o Two Tone, que também pode ser chamado de skinhead reggae, onde haviam membros negros e brancos nas formações das bandas.
O punk surgiu depois, nos anos 70. O skinhead já não tinham muitos adeptos e alguns se uniram aos punks, foi quando surgiu o Oi! que nada mais é um estilo musical que fala da união de punks & skins, as bandas punks tocam músicas punks feitas para punks, e as bandas skinheads, tocam músicas de skinheads para skinheads, embora muitas tinham membros punks e skins. O estilo retrata a vida dos grupos, nas ruas, no trabalho. É a expressão “rueira” dessas tão ditas “sub-culturas”, o que pra mim são completas o suficiente para serem chamadas de cultura. Não havia ainda racismo e nem política aqui. O anarco-punk é uma vertente distinta do Oi! muitos anarcos odeiam o Oi!

Algum tempo depois, o partido nazista inglês, o National Front, viu que haviam muitos jovens de mente vazia nesses movimentos, o maior ícone deles foi Ian Stuart Donaldson, que a princípio era Skinhead, líder da banda de “early punk” Skrewdriver, depois de frustrações por ter sido proibido de tocar com sua banda em muitos lugares, por serem considerados uma banda violenta, em relação à brigas em shows, desfez a banda, mudou de estado e se aliou ao National Front. Quando re-fundou o Skrewdriver, recrutou outros membros e agora adotava uma postura inventada por ele mesmo, o RAC (rock contra o comunismo), na verdade o RAC é apenas umas desculpa pra que sejam explícitos toda a política e ódio neonazista, o que eles menos falam é sobre comunismo. Ian foi para o neonazismo como Goebbels foi para o nazismo, os maiores divulgadores deste lixo. Graças a ele, até hoje os skinheads são chamados de nazistas, a mídia inglesa gritava aos altos que skinheads tinham feito isso, que skinheads tinham atacado negros e etc.

Os reais skinheads chamavam os seguidores de Ian, de bonehead (cabeça oca), como o movimento skinhead estava em declínio e a maioria estava ligada ao Oi! (lembrando que neonazistas não eram skinheads! Só copiaram o estilo, por isso nunca se refira a um nazi como skinhead), muitos skinheads da época do auge do ska voltaram para as ruas e também novos skinheads surgiram com a temática de Spirit of 69′, ou seja um revivalismo à cena do final dos anos 60 onde o skinhead era apenas músicas e visual, sem preconceitos e políticas.Foi criado o S.H.A.R.P (skinheads against racial prejudice, skinheads contra o preconceito racial) e o R.A.S.H (red and anarchist skinheads, skinheads comunistas e anarquistas) para combater o RAC e o neonazismo. O R.A.S.H foi muito aderido na época (todo rash é sharp, mas nem todo sharp é rash), fundaram o movimento anti-fascista, algumas bandas como The Red Skins e Oi Polloi foram muito importantes, inclusive o Oi Polloi tem uma música chamada “When Two Men Kiss” falando sobre a estupidez que é a homofobia, na frança os R.A.S.H combateram os nazi, armados com bastões de baseball, a mídia foi obrigada a divulgar o que era o R.A.S.H de tão forte que ficou, eles se tornaram seguranças em shows, impedindo a entrada de nazis e ajudaram muitos homossexuais, defendendo-os.
No Brasil, o movimento chegou na metade dos anos 80, mas não havia internet e nem informação disponível, então ouve uma total deturpação do que era o Skinhead. As informações que chegaram aqui é que skinheads ou eram nazi-fasci ou nacionalistas. O punk chegou antes aqui e totalmente deturpado também, para eles punks & skins eram rivais mortais, diferente do que dizia o Oi! E foram responsáveis por gritar para todos os cantos que os skins eram nazi. Na verdade, os skins daqui se chamavam de Carecas, apoiavam políticas de direita, muitos eram/são Integralistas e fascistas, mas muitos são apenas nacionalistas. Alguns carecas se diziam White Power, mas foram se desvinculando dos Carecas, que “apenas” são direitistas e não racistas, embora sejam homofóbicos, porque “preservam a família”, coisa de direita.

Hoje em dia, há muita informação, a maioria dos carecas não é racista e há também muitos R.A.S.H e S.H.A.R.P por aqui, muitos skinheads tradicionais (spirit of 69′) que se reúnem em dancehalls de reggae e ska, juntos de negros e qualquer tipo de etnia.

Conclusão
Publicar algo sem ter uma fonte real é fazer o mesmo que os homofóbicos fazem, é ter um PREconceito, é ignorância. Não estou querendo dizer que agora você tenha que gostar de skinheads. Sou um skinhead tradicional e S.H.A.R.P e tenho muitos amigos homossexuais, tanto homens e mulheres. O meu objetivo foi apenas explicar as coisas e abrir a sua mente para que não seja tão preconceituoso quanto um homofóbico. Já que és uma pessoa influente. Se quiser saber mais recomendo o documentário Skinhead Attitude, pode ser baixado em qualquer lugar na internet e tem esse blog: http://skinheadculture.blogspot.com/